quarta-feira, 31 de março de 2010

Crónicas de uma Infância Feliz

A Infância tem coisas esquisitas

Se a adolescência é uma fase - como hei de descrever - bizarra?!! Deixem-me dizer que em certas circunstâncias a Infância não lhe fica atrás. No fundo, as crianças são seres...esquisitos e complexos, cujos hábitos, taras e manias nem sempre conseguem encontrar explicação nas teorias psicológicas ou da ...Biologia! Hoje, após anos de "maturidade" e contacto directo com estas "pessoas pequenas" e com os seus antecedentes genéticos...chego à conclusão que somos nós que não temos capacidade para os acompanhar...eles estão muito à frente nesta idade, chegam à adolescência e...esquecem tudo. Quantos de nós já não viveram momentos em que nos perguntamos: "Caramba onde é que deixaste a nave? Quem és tu que te apoderaste do corpo do meu filho" Ou mesmo já fomos os próprios ET'S sobre o olhar psicótico e o rosto boquiaberto dos nossos pais?
Pois bem...eu já fui uma "pessoa pequena" esquisita e complexa - entretanto curei-me (ou não!). Poder-se-ia dizer que era uma criança dada à musica, com bom ouvido e timbre, que acima de tudo gostava de tornar as manhãs e fins de dia verdadeiros momentos nostálgicos e relaxantes para todos os viajantes do autocarro 320 para Alverca. Ninguém até hoje consegue explicar o como? ou porquê?, mas o facto inegável era que eu sempre que passava pela fábrica de açúcar Sidul na N10, começava a cantar "Ah, ah, ah minha machadinha" findando somente a minha actuação na chegada a casa. Escusado será dizer que a minha irmã fez somente uma viagem ao meu lado, tendo reservado lugar cativo na retaguarda do autocarro. Restava-me a companhia da minha "Super mãe" que de rosto embaraçado e (phones nos ouvidos) rejubilava a sua promissora filha de 4 anos. O mais fascinante e arrepiante das minhas actuações, era que mesmo se fosse a dormir (coisa rara diga-se) acordava como que possuída por forças de uma quinta dimensão e abrilhantava os menos afortunados com mais uma sessão repetitiva e desastrosa de "Ah, ah, ah minha machadinha!".
Relembro com alguma nostalgia as conversas pacientes e ternas da minha mãe a cada entrada para o autocarro -" Filha não é que cantes mal, mas..." - e lá vinha um role de justificações cheias de bom senso e moral, mas ocas de persuasão. Durante bons anos fui conhecida como "Rouxinol do 320". Escusado será dizer que como boa mãe que a minha era e ainda é, qual quê "castrar" a pequena criatura de epiglote ressabiáda, em vez disso ao fim de dois anos (e desconhecimento de psicólogos na área) a minha mãe resolveu o problema...Passámos a vir de comboio.
Creio hoje, com algum desgosto, que os utentes do 320 terão agradecido eternamente à minha mãe e em honra da mesma comemorado com pompa e circunstância o reestabelecimento da sua tranquilidade e qualidade de vida.

Enfim...a Infância tem coisas...muitoooooooooo ESTRANHAS!

quinta-feira, 25 de março de 2010

Escola de Pais

"Insista em si mesmo nunca imite. O seu próprio talento pode ser apresentado a cada momento, com a força acumulada pelo cultivo de uma vida inteira, mas do talento adoptado de uma outra pessoa você tem apenas uma temporária posse parcial. Faça o que foi designado para si, e nenhuma esperança ou ousadia poderá ser demais."



Obrigada a todos pela presença... foi importante estarmos juntos aconselhamo-nos, debatermos, reflectirmos e crescermos!!!
Afinal a educação também é isto... aprender e crescer com os outros...

quinta-feira, 18 de março de 2010

Escola de Pais


No nosso dia-a-dia, ou melhor, nos nossos dias menos bons recorremos variadíssimas vezes ao nosso "saco" interno em busca de momentos, sensações e sentimentos que nos permitam reestabelecer e sentir amados, que nos tragam à consciência o nosso verdadeiro valor.

A nossa Auto-estima é uma ferramenta essencial e fulcral que nos possibilita viver harmoniosamente sentindo-nos amados e amando os outros.

A Auto-estima dos vossos filhos está ainda em construção e enquanto pais e educadores, temos o dever de tornar este processo o mais saudável e equilibrado possível.


Será que reforçamos demais? Ou damos pouca atenção?

Será que ele se sente um pequena "ervilha" ou um verdadeiro super-herói?

Estará preparado para lidar com as dificuldades da vida?

Quando pensamos, ouvimos e partilhamos juntos as nossas ideias e dúvidas, tornamo-nos mais sábios e conscientes do nosso papel.

Contamos consigo!

segunda-feira, 15 de março de 2010

Capote e Gorro

"Passei todos os Natais da minha infância (até cerca dos 10 anos) em Estremoz. É a terra do meu Pai. Onde nasceu, ainda em casa, que era onde se nascia naquela altura.

A minha avó, duas tias paternas e um tio todos viviam em Estremoz e na altura do Natal éramos sempre muitos.

No Natal ficávamos a dormir em casa da minha avó, de onde tenho um número infinito de recordações. Uma casa grande como hoje em dia já não há, uma cozinha enorme com forno de lenha e milhões de locais fantásticos para brincar. Desde um terraço que havia na casa de banho, ao sotão onde só me lembro de ter ido uma vez, ao escritório do meu avô que ficava no rés-do-chão da casa e que era lindo, enorme e cheio de livros.

Em Estremoz fazia, tal como ainda hoje, muito frio no Inverno. Basta dizer que fica em pleno Alentejo onde as estações são muito estremadas, muito quente de Verão e mesmo muito frio de Inverno.

A noite de Natal, era sempre igual ano após ano. Começava com um jantar em casa da minha avó. Terminado o jantar saíamos para ir à missa do Galo ao que se seguia uma ceia em casa de uma Tia Avó. A Tia Mimi (assim lhe chamada toda a gente), não tinha filhos e como todas as tias era adorada por todos os sobrinhos. Tinha um dos sorrisos mais carinhosos que até hoje já vi. E umas latas de biscoitos deliciosos sempre cheias à espera dos sobrinhos.

Terminada a missa do galo (linda, com muita música e alegria onde no fim se ia beijar o joelho do menino Jesus) o percurso até casa da Tia Mimi fazia-se a pé. Descendo do castelo de Estremoz até à cidade.

Mas nós (as meninas gémeas) só podíamos ir a pé se fossemos bem agasalhadas. Assim vestíamos uns capotes alentejanos e uns gorros com pompons que nós simplesmente odiávamos.

Pelo ar feliz da foto, não dá nada a ideia de que não gostávamos nem dos capotes e especialmente não gostávamos dos gorros.

Nesta foto tínhamos 3 anos e meio.

Agora passado todos estes anos e olhando para as fotos são recordações fantásticas."