segunda-feira, 15 de março de 2010

Capote e Gorro

"Passei todos os Natais da minha infância (até cerca dos 10 anos) em Estremoz. É a terra do meu Pai. Onde nasceu, ainda em casa, que era onde se nascia naquela altura.

A minha avó, duas tias paternas e um tio todos viviam em Estremoz e na altura do Natal éramos sempre muitos.

No Natal ficávamos a dormir em casa da minha avó, de onde tenho um número infinito de recordações. Uma casa grande como hoje em dia já não há, uma cozinha enorme com forno de lenha e milhões de locais fantásticos para brincar. Desde um terraço que havia na casa de banho, ao sotão onde só me lembro de ter ido uma vez, ao escritório do meu avô que ficava no rés-do-chão da casa e que era lindo, enorme e cheio de livros.

Em Estremoz fazia, tal como ainda hoje, muito frio no Inverno. Basta dizer que fica em pleno Alentejo onde as estações são muito estremadas, muito quente de Verão e mesmo muito frio de Inverno.

A noite de Natal, era sempre igual ano após ano. Começava com um jantar em casa da minha avó. Terminado o jantar saíamos para ir à missa do Galo ao que se seguia uma ceia em casa de uma Tia Avó. A Tia Mimi (assim lhe chamada toda a gente), não tinha filhos e como todas as tias era adorada por todos os sobrinhos. Tinha um dos sorrisos mais carinhosos que até hoje já vi. E umas latas de biscoitos deliciosos sempre cheias à espera dos sobrinhos.

Terminada a missa do galo (linda, com muita música e alegria onde no fim se ia beijar o joelho do menino Jesus) o percurso até casa da Tia Mimi fazia-se a pé. Descendo do castelo de Estremoz até à cidade.

Mas nós (as meninas gémeas) só podíamos ir a pé se fossemos bem agasalhadas. Assim vestíamos uns capotes alentejanos e uns gorros com pompons que nós simplesmente odiávamos.

Pelo ar feliz da foto, não dá nada a ideia de que não gostávamos nem dos capotes e especialmente não gostávamos dos gorros.

Nesta foto tínhamos 3 anos e meio.

Agora passado todos estes anos e olhando para as fotos são recordações fantásticas."


7 comentários:

Marta disse...

Desafio: De quem é que acham que são estas crónicas???

Vitor disse...

Eu acho que esta crónica bem pode ser da Vera Luis, que me parece ser, também, uma das meninas da fotografia. Será? Não sei, mas como foi o primiero nome me me ocorreu, deixo aqui o palpite.

Marta disse...

Uma pista: trata-se de uma mãe e não de uma colaboradora da escola! ;-)

Joana disse...

Humm...que bonito.É caso para perguntar: Assim vestidas riam de quê???

Vitor disse...

Então, para que o palpite se mantenha válido, troco o nome "Vera Luis" por "Xana".

Nucha disse...

Xana, claro! :)

Xana disse...

OK, parece que fui descoberta.
Efectivamente era eu a cara risonha e de boca escancarada a rir..

Adorei participar nesta rubrica das crónicas de uma infância feliz.
Vou tentar participar mais vezes.
Bjs