A erupção dentária, ou odontíase, inicia-se por volta dos 4-10 meses de idade, sendo mais frequente o aparecimento do primeiro dente por volta dos 6 meses.
Por vezes ocorre uma condição rara, os chamados "dentes neonatais" (presença de um dente ao nascimento), com uma incidência de 1 em cada 2000-3000 nascimentos.
Normalmente este dente único está presente numa criança normal nos demais aspectos, no entanto, raramente, pode ser um achado num conjunto de características associadas a uma síndrome. Neste caso, será necessária a consulta de um especialista. Os dentes neonatais normalmente caem por si, no entanto, dado o risco de aspiração, são normalmente extraídos precocemente.
Qual a ordem natural para a erupção dentária?
Normalmente a dentição primária ocorre na seguinte ordem:
- incisivos centrais: 6-9 meses
- incisivos laterais: 7-10 meses
- caninos: 16-20 meses - primeiros molares: 12-16 meses
- segundos molares: 20-30 meses
O atraso na erupção dentária pode estar associado a uma variedade de doenças , nomeadamente hipotiroidismo, raquitismo, osteopetrose e síndrome de Down, entre outras.
Os dentes decíduos começam a ser substituídos pelos dentes permanentes por volta dos 6 anos. A sequência da substituição é semelhante à da dentição primária.
Quais os sinais e sintomas associados à erupção dentária?
A erupção dentária está normalmente associada a desconforto mandibular à medida que a saída do dente ocorre através da gengiva. À medida que este processo ocorre a gengiva poderá ficar levemente edemaciada (inchada) e vermelha. Alguns dentes provocam mais sensibilidade que outros durante o seu processo de erupção, por exemplo, os molares devido à sua maior superfície normalmente causam mais desconforto que os incisivos. Com excepção dos terceiros molares (os chamados "dentes do siso"), a erupção dos dentes definitivos raramente causa tanto desconforto como a dentição decídua (dentição primária ou "dentes de leite").
A erupção dentária pode causar os seguintes sintomas:
. aumento da salivação
. levar mais frequentemente as mãos à boca
. pequena área de eritema peribucal devido ao aumento da salivação
. fricção da região da bochecha ou ouvido (devido à dor referida associada à erupção dos molares)
. recusa alimentar
. agitação ou dificuldade em adormecer
. prostração por períodos
Mas atenção! Não podemos atribuir os seguintes sintomas à erupção dentária:
. febre (acima de 38º C)
. diarreia, obstrução nasal ou tosse
. prostração mantida
. exantema generalizado
Qual a duração da erupção dentária?
As crianças normalmente apresentam sensação de desconforto durante os dias que antecedem a erupção. Algumas crianças ficam mais desconfortáveis que outras durante o processo de migração do dente através dos tecidos até à linha da gengiva. Devido à sua maior área de superfície os molares estão normalmente associados a um maior desconforto.
Quando devo procurar o médico?
A erupção dentária é uma condição comum, mas também o é a febre, irritabilidade ou diarreia, podendo estes sintomas ocorrer simultaneamente à erupção dentária. Outras condições (por exemplo as infecções víricas) têm uma maior probabilidade de causar febre, prostração, congestão nasal, tosse ou diarreia, daí ser importante contactar o seu médico de família ou pediatra se qualquer um destes sintomas estiver presente.
Não assuma simplesmente que estes sintomas "serão dos dentes"!
O que fazer para aliviar o desconforto do seu bebé?
Normalmente não está indicada medicação para alívio dos sintomas associados à erupção dentária!
Medicamentos como o paracetamol ou o ibuprofeno (em crianças acima dos 6 meses) poderão causar algum alívio da dor, no entanto podem também mascarar sintomas como a febre, não devendo por isso serem dados de modo rotineiro.
A fricção das gengivas com o dedo ou objectos frios poderá ajudar o seu bebé a sentir-se mais confortável e diminuir a inflamação (tendo sempre o cuidado de evitar contacto prolongado dos objetos frios com a gengiva). Mas atenção, nunca coloque na boca do seu bebé objectos que possam ser passíveis de aspiração!
E não se esqueça!
A partir do momento em que aparece o primeiro dente do seu bebé, deverão ser tomadas medidas no sentido de evitar a formação de placa bacteriana e cáries dentárias.
A escovagem com uma compressa húmida ou dedeira espiculada, de borracha ou pequena escova macia já com uma pequena porção de dentífrico fluoretado (1000-1500 ppm) deverá ser efectuada desde o aparecimento do primeiro dente e na presença de um adulto até por volta dos 6 anos!
Clara Machado, com a colaboração de Albina Silva, pediatra do Serviço de Pediatria do Hospital de Braga
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