Adorámos todas as histórias e a eleição da vencedora da semana foi uma difícil tarefa, mas tendo em conta os critérios a equipa deliberou e ...
Todos os anos era a mesma coisa.
No dia 31 de Outubro, a mãe acordava-a cedo para se prepararem para a exposição na mercearia da Ti’Emília. Sempre vaidosa, nestes dias, a mãe era ainda mais atenta aos pormenores, e depois da banhoca, pegava numa toalha especial e esfregava-a, esfregava-a, esfregava-a tanto que quando acabava, a aboborinha parecia mais uma estrela cintilante do que uma abóbora -menina .
Todos os anos era a mesma coisa.
Tanto trabalho, para depois as crianças entrarem na mercearia da Ti’Emilia e, ofuscadas pela luz laranja das outras abóboras, nem sequer olharem para o seu belo verde e forma esguia.
Todos os anos era a mesma coisa. Todos, mas não neste.
Farta de se sentir diferente, a Abóbora-Menina, decidiu que chegara à altura de fazer uma visita à Bruxa Luxa para lhe pedir ajudar.
- A Bruxa Luxa sabe tantos que de certeza que ela me vai conseguir ajudar a ficar assim mais bonita, redonda e laranja.
Como a bruxa vivia um bocadinho longe, num castelo feito de gomas e rebuçados, a Abóbora – Menina, preparou um belo lanche para o caminho, e escreveu um bilhete à mãe, para ela não se preocupar.
Depois de já estar andar há um bom bocado, começou a sentir fome. Por isso decidiu sentar-se à sombra duma grande árvore, mesmo ali à beirinha do caminho.
Quando estava a tirar o seu farnel, começou a ouvir, lá muito ao longe, um estranho som.
Assustada a abóbora-menina ficou de vigia. Quem seria? Alguma bruxa que vinha visitar a Bruxa Luxa?! Toda a gente sabia que a Bruxa Luxa, não era como as outras Bruxas. Era mais simpática e sem verrugas. Mas a Abóbora-menina sabia bem que as outras bruxas não eram assim. Algumas eram mesmo muito más.
Enquanto se ia arrepiando a pensar nas maldades que as bruxas faziam às abóboras, especialmente nesta altura do ano, o estranho som ia-se aproximando mais e mais do sítio onde se encontrava. Quando de repente, sem que ela me apercebesse, saiu detrás do estranho arco musical, um anão.
- Olá! – Disse bem-disposto o anão – Então, estás perdida? És muito pequena para andar por aí sozinha.
- EU NÃO SOU PEQUENA! – Respondeu amuada a abóbora-menina – Eu já tenho 5 anos.
- Pronto, pronto, não fiques zangada. – Respondeu de imediato o anão. - Não te queria ofender. Pensei que podias precisar de ajuda.
- E tu quem és? – Perguntou a abóbora–menina, aborrecida com a estranha visita.
- Desculpa. Nem me apresentei, eu sou o Anão Sabichão. E este é o meu berimbau.
- Berimbau?! – Repetiu confusa a abóbora-menina.
- É um instrumento musical – explicou a rir o Anão Sabichão. E então o que te traz por estas paragens? – Tornou a perguntar o Anão, que para além de Sabichão também era muito curioso.
- Vou visitar a Bruxa Luxa.
- Ai sim?! Então porquê? Tens algum problema?
A abóbora –menina não gostava muito de contar as suas coisas, muito menos a estranhos. Mas o anão parecia boa gente, sempre a sorrir e a tocar, e a verdade é que lhe apetecia companhia. Assim, meio a custo, lá explicou ao Anão Sabichão as razões da sua tristeza.
- Por isso decidi vir visitar a Bruxa Luxa, percebes?! A ver se ela me ajuda. – Concluiu a Abóbora-Menina.
-Hummm….- Ia dizendo o Anão Sabichão enquanto coçava a cabeça – Sabes, acho que é melhor contar-te uma história.
Atenta, porque adorava ouvir histórias, a Abóbora-menina ajeitou-se bem junto à árvore.
Há muito, muito tempo – começou ele – também quis mudar de aspecto. Queria ser grande como os meus amigos. Onde vivíamos só eu e os meus pais éramos anões. Os meus amigos diziam para eu não me ralar com isso, mas havia sempre miúdos com risinhos marotos que me faziam maldades e me punham a chorar. Assim um dia, acordei, e como tu, pus-me ao caminho do castelo da velha Bruxa Luxa. Quando lá cheguei e lhe expliquei a razão da minha tristeza, ela deu-me logo o feitiço. Bebi-o de imediato. Quando estava de regresso a casa, comecei a sentir os efeitos. Estava cada vez maior. Os sapatos arrebentaram, as calças ficaram mais curtas e a camisa… bem a camisa nem te digo, ficou num farrapo. Quando cheguei à aldeia, estava enorme e ansioso por ir contar a todos as novidades. Corri para casa, mas quando lá cheguei não podia entrar. Não cabia. Os meus pais assustados com o meu tamanho, correram a esconder-se. Os meus amigos, sem me reconhecerem, recusavam-se a ouvir-me. Fiquei totalmente sozinho. Queria tanto, mas tanto ser maior, que me esqueci que aqueles que me conheciam, gostavam de mim tal qual como eu era. Baixote e bem-disposto. No mesmo momento corri novamente para o Castelo da Bruxa Luxa e obriguei-a a dar-me novo feitiço. Mas agora para voltar a ser como era.
Quando acabou, a Abóbora-Menina olhava-o de olhos arregalados.
- Nunca tinha pensado nisso - disse ela algo preocupada.
- Sabes Abóbora-menina, disse-lhe o Anão. O importante não é sermos iguais aos outros. O importante é aprendermos a ser Felizes tal e qual como nós somos.
A Abóbora Menina, levantou-se dum salto, e disse:
- Sabes Anão, acho que realmente és muito Sabichão. Vou mas é voltar para casa e descansar porque amanhã, acrescentou com orgulho, tenho de ir mostrar a minha beleza verde lá na exposição da Ti’Emília.
Neste dia, a Abóbora – Menina aprendeu uma grande lição, mais importante do que a cor, altura ou forma, o que é preciso é termos orgulho em ser quem somos, mesmo que sejamos diferentes de todos os outros.
Margarida Santos
Parabéns à vencedora. Aos restantes participantes muito obrigada pela vossa participação e amanhã há já outra ronda para tentarem a vossa sorte. Não desistam!
4 comentários:
Adorei! E os meninos de certeza que vão gostar tb!
Bj
Obrigada!!!
Foi um desafio difícil, mas muito gratificante.
Agora que venham os próximos desafios para ver se isto foi só sorte de principiante :)
Muitos Parabéns a história está fantástica.
Muito bem escrita e com muita imaginação.
Eu adorei, acho que os meninos também vão adorar.
Parabéns mais uma vez.
adorei!!!
A fasquia está alta!
e eu que prometi participar...
meti-me numa camisa de sete varas, isso sim.
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